Realizado no primeiro dia do 8º Fórum Mundial da Água, o “Water Business Day” já compartilha os resultados da primeira edição do evento, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pela Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta iniciativa, que resultou na produção de um documento (por enquanto, disponível apenas em inglês), inaugura um processo de sistematização das ações empresariais no busca da segurança hídrica. No dia 18, foram realizados um painel e três workshops com lideranças empresariais, representantes de associações setoriais, federações de indústria e organismos internacionais.
O evento começou com um painel de lideranças de diversas indústrias: Roberto Bischoff, Vice-Presidente Global de Competitividade da Braskem, Naty Barak, Chefe de Sustentabilidade da Netafim, Teresa Vernaglia, CEO BRK Ambiental, Cristiano Cobo, Diretor de Operações da AngloAmerican Brasil, Olga Reyes, Vice-Presidente de Relações Públicas e de Comunicação para a América Latina da The Coca-Cola Company, e Luís Garcia Prieto, Chefe de Operações da Nestlé Brasil. As mensagens que ficaram foram:
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A indústria é parte da solução para as questões da água e precisa de mais engajamento na cadeia de valor e do uso racional da água em todas as operações.
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A reutilização da água deve ser promovida junto com a inovação e o desenvolvimento de parcerias.
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O acesso à água, coleta e tratamento de esgoto (saneamento) são uma ótima oportunidade. Este desenvolvimento depende de um marco regulatório e legal favorável e construtivo, e pode desempenhar um grande papel na agenda política nacional.
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As empresas precisam melhorar a conscientização sobre o uso da água dentro e fora de suas operações. Elas também devem desempenhar um papel na influência e na mudança de atitudes para ajudar os países a alcançar a universalização dos serviços de água e saneamento.
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Cada pessoa pode fazer sua parte, diariamente, para economizar e reutilizar a água. De pequenas a grandes mudanças, elas fazem parte da conscientização e da busca de soluções para os recursos hídricos, gestão e alternativas para um melhor aproveitamento.
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A sociedade precisa desenvolver princípios de responsabilidade individual para o gerenciamento da água. Os governos devem incentivar o planejamento de longo prazo para todos, visando apoiar e estimular a sociedade e os negócios para reduzir o consumo e fazer um uso melhor e mais consciente dos recursos hídricos.
Workshop 1: Casos de Economia Circular para a água
Reduzir, reutilizar e reciclar a água são formas de reduzir custos e o impacto dos negócios sobre o meio ambiente. No entanto, as práticas de gestão de água advindas da Economia Circular ainda não são populares. Logo, o objetivo desse workshop foi lançar luz sobre as atuais barreiras e oportunidades para o gerenciamento circular de água (ROI, Valor da Água, Finanças e Política), fatores chave de sucesso, soluções e ferramentas para sua implementação. Também foram apresentados exemplos bem-sucedidos de soluções circulares de gerenciamento de água e as lições aprendidas para trazê-los à escala.
Para incentivar a adoção de soluções circulares, as indústrias apontaram a necessidade de uma regulamentação robusta que reconheça e forneça incentivos para empresas que investem, ou querem investir, em novas abordagens de gestão de água e tecnologias que aumentam eficiência em uso e qualidade. “O governo é um parceiro importante e construtivo para setor privado. Boas práticas de países que regulam o setor de água apropriadamente devem ser destacadas. Esta pode ser uma oportunidade para construir um ambiente propício de confiança entre diferentes partes interessadas”, diz o documento.
Além disso, é preciso inovar em modelos de financiamento e negócios segundo as empresas. Modelos tradicionais de financiamento são incapazes de preencher o déficit crítico de financiamento na água. O setor acredita que são necessários novos tipos de instituições híbridas que tenham a capacidade de unir atores públicos e privados e de criar oportunidades para atrair projetos e gerenciá-los de forma sustentável.
Workshop 2: Riscos associados à água – métricas, monitoramento e reporting
O objetivo do Workshop 2 foi explorar os riscos da água, de métricas e monitoramentos a relatórios. Dois painéis foram realizados: o primeiro, sobre o risco hídrico corporativo, e o segundo, sobre a água como uma questão sistêmica, explorando a ligação entre florestas e finanças.
De acordo com o documento, as empresas identificaram a necessidade de terem bancos de dados nacionais e internacionais sobre consumo, oferta, procura e qualidade da água, e que o acesso a estas bases de dados seja facilitado. Isso ajudará as empresas a formularem suas estratégias e planejamentos.
As empresas também pediram regulamentação de um marco para garantir que o investimento na reutilização de água e nas águas residuais sejam, ambos seguros, tanto no que diz respeito à qualidade da água como em termos de certeza regulatória.
Workshop 3: Gestão responsável da água para o alcance dos ODS e criação de valor compartilhado
Por fim, o Workshop 3 apresentou a gestão responsável da água como uma oportunidade das empresas de enfrentar os desafios da agenda de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Nesse sentido, o documento defende que o ODS 6 fornece uma linguagem comum e uma meta compartilhada que pode ser usada para conduzir, coletivamente, ação entre empresas, governos, ONGs e outras partes interessadas.
Além disso, as empresas podem ser uma força poderosa na construção de um ambiente propício para o cumprimento dos ODS, compartilhando suas ferramentas internas, boas práticas e conhecimento com fornecedores, PMEs e outras empresas. Ao fazer isso, eles ajudam a criar capacidade e facilitam a ação para atingir o ODS 6, que fala em “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”.
Conteúdo publicado em 23 de março de 2018