As impressoras 3D são capazes de fazer quase tudo hoje: de brinquedos a membros artificiais, passando por casas, carros e ferramentas. Tanta aplicabilidade abriu uma nova discussão entre os cientistas que acompanham esse mercado: os possíveis efeitos causados pela inalação de compostos orgânicos voláteis e tóxicos (VOCs) e por partículas emitidas pelos dispositivos. Para que a revolução produtiva e econômica trazida pelas impressoras 3D continue com vigor e segurança, alguns parâmetros de uso terão de ser estabelecidos.
Há dois anos, a UL (sigla para “Underwriters Laboratories”), uma empresa independente de certificação de segurança começou a trabalhar nesse sentido. A UL estabeleceu um conselho consultivo e começou a financiar projetos de pesquisa para responder a perguntas básicas sobre as quantidades e tipos de compostos nas emissões de impressoras 3D – quais os níveis seguros e como minimizar exposições.
Segundo Marilyn Black, vice-presidente da UL, a empresa está trabalhando para criar um método consistente de teste e avaliação para que os pesquisadores possam comparar dados em diferentes laboratórios. “Até o final deste ano, lançaremos um padrão ANSI [American National Standards Institute] para medir partículas e VOCs para todos usarem”, disse ela ao site Chemical & Engineering News.
Padrão como o rótulo Blue Angel
“À medida que as impressoras a laser aquecem e distribuem tinta, elas emitem partículas ultrafinas comparáveis às de impressoras 3D, mas isso não significa que elas representem o mesmo risco para a saúde dos modelos 3D”, diz Aleksandr Stefaniak, um higienista industrial do National Institute for Occupational Safety and Health ou NIOSHI (Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional).
Ambos os tipos de impressora usam tinta plástica, mas o toner laser é aquecido apenas por alguns instantes. Já um trabalho de impressão 3D pode durar horas ou dias, pois o filamento é continuamente fundido. Devido à fusão prolongada, as emissões da impressora 3D incluem centenas de VOCs e um número de partículas de composição ainda desconhecido.
Quando os padrões da UL forem lançados, ainda neste ano, a empresa também vai propor um limite voluntário para níveis permitidos de emissões de impressoras 3D. Segundo a empresa, as fabricantes podem substituir filamentos por opções melhores e mais seguras, além de incluir impressoras em gabinetes que removem partículas ultrafinas (UFPs) e VOCs por meio de filtros HEPA (High-Efficiency Particulate Air). Em testes conduzidos pela equipe de Stefaniak, quando as impressoras 3D foram fechadas em câmaras ventiladas com filtro HEPA, as concentrações de partículas na sala de impressão caíram 98% – um desempenho bastante promissor.
A UL está adotando essencialmente a mesma abordagem usada pelo programa de rótulo ecológico “Blue Angel”, da Alemanha, que definiu um padrão para impressoras a laser. A empresa de certificação acredita que as fabricantes competirão para cumprir o padrão, como fizeram as empresas de impressoras a laser após o programa Blue Angel ter emitido um padrão em 2012.
A ANSI revisará continuamente o padrão à medida que os cientistas aprendem mais acerca dos impactos das impressoras 3D sobre a saúde e como eles podem ser administrados para que essa tecnologia continue seu caminho revolucionário nos processos produtivos.
Conteúdo publicado em 31 de março de 2018