A edição de 2018 da competição fotográfica promovida pela Water Integrity Network (WIN) tem como tema uma pergunta: onde e como o dinheiro flui no setor de água? Segundo os organizadores, o objetivo desse recorte é aumentar a conscientização sobre o impacto da gestão do dinheiro no setor de águas pelo mundo. Desde 2009, a entidade promove, anualmente, uma competição fotográfica com foco na água e premia o vencedor com US$ 1 mil, cerca de R$ 3,5 mil em equipamentos fotográficos.
A WIN é uma rede de organizações e indivíduos que promove a integridade da água para reduzir a corrupção e melhorar o desempenho do setor. Para a organização, o dinheiro tem um papel importante no ciclo e no uso da água já que ele é necessário para a infraestrutura, a operação e a manutenção das redes que distribuem a água, além de fundamental para garantir serviços de água limpa e saneamento. A gestão da água como recurso também requer dinheiro para a implementação de projetos como sistemas de irrigação, barragens, reservatórios e limpeza ambiental.
“Às vezes, esse dinheiro é efetivamente utilizado, resultando em programas e projetos bem-sucedidos que proporcionam água potável e saneamento aos cidadãos, além de garantir o gerenciamento sustentável dos recursos hídricos. Em outros casos, o dinheiro não é gasto honestamente com o propósito pretendido, ou simplesmente mal administrado”, afirma a organização.
O concurso fotográfico
Em 2018, o concurso escolheu as dez melhores imagens e indicou um vencedor: Antoine Delepiere. A foto de Delepiere foi feita com um smartphone e retrata a má gestão das finanças por operadores privados de água na região de Podor, no Senegal. A imagem mostra como humanos e animais dependem da mesma fonte hídrica e a legenda destaca ilustra como isso levou problemas de saúde para as comunidades nômades.
Segundo o fotógrafo, os pontos públicos de água são gerenciados por operadores privados que não assumem responsabilidades pela proteção desses poços, usados tanto por seres humanos quanto por animais. Isso levou à contaminação da água e problemas de saúde. “O dinheiro não é usado para fornecer um serviço de boa qualidade. Há uma falta de transparência e integridade na gestão dos pontos de água e nenhum acompanhamento do Estado”, disse Delepiere, ao inscrever a imagem.
Em segundo lugar, foram premiadas duas imagens. A primeira é de autoria de Sony Ramany e mostra uma escola primária do governo de Dagair, em Dhaka, Bangladesh. Com a escassez de instalações de drenagem, as áreas são inundadas por qualquer chuva. A situação piora à medida que a chuva cai por dias, principalmente entre abril e setembro, tornando difícil para os alunos se moverem de um lugar para o outro. Em razão da corrupção, os drenos que deveriam ter 2,5 metros de largura são construídos com 60 centímetros, fazendo com que eles transbordem poucos minutos depois de uma chuva forte.
A outra imagem vice-campeã é de Somenath Mukhopadhyay e foi clicada em Bengala Ocidental. Ela mostra um menino na zona rural voltando para casa com a pouca água que coletou de uma lagoa, já que todas as fontes de água próximas ficam secas durante o verão extremo. Esta imagem reflete o fato de que há muitas famílias que não têm acesso à água potável devido à pobreza e à falta de recursos.
Na categoria reservada para fotos feitas apenas com smartphones – a de Delepiere entrou na categoria geral –, o prêmio foi para Simone Klawitter e mostra a dura realidade hídrica da região de Afar, Etiópia. Nela, uma mulher paga a conta de água da família em uma pequena cidade onde o recurso é fornecido por uma empresa. A imagem foi registrada durante uma pesquisa de campo do UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, para revisar e analisar opções alternativas para o abastecimento de água rural e periurbana na Etiópia em 2017.
Veja as demais fotos neste link da WIN.
Conteúdo publicado em 3 de maio de 2018