A ferramenta MapBiomas Amazônia, que monitora as mudanças do solo da floresta amazônica e acompanha as pressões sobre seu clima e vegetação, publicou seu primeiro relatório e apresentou dados alarmantes.
O projeto Primeira Coleção de Mapas Anuais de Cobertura e Uso do Solo da Pan Amazônia (2000 – 2017) divulgou que, apesar de ainda manter 85% de cobertura de floresta e vegetação nativa, a região perdeu, entre 2000 e 2017, 29,5 milhões de hectares – tamanho equivalente à área territorial do Equador. Por outro lado, neste mesmo período houve um acréscimo de 41% da área de agropecuária.
O levantamento foi produzido pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) e pela organização Amazônia Socioambiental a partir do processamento de dados coletados da plataforma Google Earth Engine nos mais de 7 milhões de quilômetros quadrados de Amazônia. Este é o primeiro mapeamento da padronizado para os nove países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela), seis biomas (Amazônia, Cerrado, Pântano, Andes, Chaco-Chiquitano e Tucumano boliviano) e 21 tipos de cobertura de solo da região amazônica.
“Com o lançamento da Coleção 1 do MapBiomas Amazônia e a primeira coleção de MapBiomas Chaco, que será apresentada nos próximos meses, vamos cobrir quase 90% do território da América do Sul. Esta base de dados é inestimável para a compreensão da dinâmica de uso dos recursos naturais na região além de contribuir para a modelagem climática e o cálculo de emissões e remoções de gases de efeito estufa por mudança e uso solo na região”, anima-se Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.

Desmatamento cresce muito nos últimos 20 meses
Entre agosto de 2017 e julho de 2018, o índice de desmatamento na Amazônia voltou a subir. No período, de acordo com nota conjunta pelos ministérios do Meio Ambiente e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações à época, a floresta amazônica perdeu 7.900 km² por causa do desmatamento ilegal – 13,7% mais que os 6.947 km² perdidos no mesmo período dos anos anteriores. Isto representa mais de 1 bilhão de árvores tombadas, considerando a média de 1.500 árvores por hectare.
No mesmo período, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta um crescimento ainda maior do desmatamento: teria crescido 39% em relação ao ano anterior. Ainda de acordo com o Imazon, 83% das derrubadas se converteram em áreas de pasto e agricultura e a degradação florestal (tipo de desmatamento menos visível e menos agressivo) cresceu 220%.
O ambientalista Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon e mestre em Ciências Florestais pela Universidade Yale (EUA), escreveu um artigo para a plataforma (o)Eco listando seis medidas para reverter o surto de desmatamento na Amazônia. Segundo Barreto:
- O Brasil pode zerar o desmatamento e continuar aumentando a produção agropecuária;
- É essencial cobrar efetivamente o Imposto Territorial Rural (ITR);
- É preciso melhorar a eficácia da fiscalização;
- É obrigatório prevenir a grilagem de terras públicas;
- O Ministério do Meio Ambiente deve coordenar as políticas com outros setores do governo;
- Deve-se melhorar a comunicação com o todo da população brasileira.
Conteúdo publicado em 22 de abril de 2019