Peça criada nos Estados Unidos foi inspirada nos corais marinhos e pode ser usada dentro da máquina de lavar para reter fibras que se desprendem das roupas durante a lavagem. Inovação pode reduzir poluição da água por microfibras

Uma equipe da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, passou 12 meses analisando o que aconteceu quando vários materiais sintéticos foram lavados em diferentes temperaturas em máquinas de lavar roupas domésticas, e usando diferentes combinações de sabão. A conclusão é de que cada ciclo de lavagem pode liberar 700.000 fibras plásticas microscópicas no meio ambiente.

Pensando nisso, a instrutora de windsurfe Rachael Miller, que também já tinha estudado arqueologia subaquática, desenvolveu um dispositivo que batizou de “Cora Ball”, uma bolinha feita de borracha reciclada com 10 centímetros de diâmetro, cujo formato emula o de espécies de corais marinhos.

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A bolinha funciona capturando as fibras que se soltam das roupas durante a lavagem, da mesma forma que os corais capturam partículas da água. Pequenas fibras de tecido ficam enroscadas na estrutura de borracha e podem ser retiradas depois, separando os resíduos da água corrente que é dispensada ao final da lavagem. Para isso, basta jogar a Cora Ball na máquina antes de começar o ciclo de lavagem.

De acordo com a pesquisadora, se 10% dos lares dos EUA usassem uma Cora Ball, seria possível impedir que fossem lançados, na água, o equivalente a mais de 30 milhões de garrafas plásticas. É tanta garrafa plástica que, se elas fossem enfileiradas, daria para vencer a distância entre Nova York e Londres, do outro lado do oceano Atlântico.

O caminho das fibras na água

As microfibras que se desprendem das roupas durante a lavagem vão parar nas águas residuais domésticas que, por sua vez, rumam para as estações de tratamento de esgoto, onde alguns dos minúsculos fragmentos de plástico são capturados. O problema é que parte importante das microfibras permanecem na água, que vai parar nos córregos e rios que, enfim, desembocam nos oceanos. Estima-se que esses resíduos componham 85% do lixo humano nas costas em todo o mundo.

Além dos efeitos óbvios da poluição das águas, que pode causar transtornos, doenças e ferimentos em animais e seres humanos, estudos sugerem que esse tipo de poluição pode se inserir na cadeia alimentar e se apresentar em frutas e hortaliças, bem como em peixes que, muitas vezes, servem à alimentação humana.

O impacto disso ainda não é totalmente compreendido, mas sabe-se que pequenas partículas, esferas e fibras podem ser confundidas com alimentos e ingeridas por algumas espécies marinhas, causando sofrimento e declínio da diversidade e contaminação da cadeia alimentar.

Conteúdo publicado em 14 de janeiro de 2019

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