Cientistas da Universidade Berkeley desenvolveram o plástico PDK que, quando submetido a uma solução altamente ácida, se decompõe como um Lego e pode ser 100% reciclado indefinidamente

Leve, resistente, maleável e barato, o plástico é um material de mil e uma utilidades e benefícios para a indústria e para o consumidor final. O problema é seu descarte: das mais de 8 bilhões de toneladas de plástico produzidas na história da humanidade, apenas 9% foi reciclado e 70% virou lixo.

Embora o plástico em si seja totalmente reciclável, é muito comum que ele receba aditivos como corantes, tintas, estabilizadores de temperatura, entre outros, para seu uso comercial. Realizar a reciclagem completa nestes casos exige gasto energético e investimento econômico. Isso, por enquanto.

Pesquisadores do Berkeley Lab, laboratório de inovação da Universidade da Califórnia, em Berkeley, projetaram um novo tipo de plástico e um novo tipo de processo químico que tornam o material integralmente e quase infinitamente reciclável. Em artigo publicado na revista Nature Chemistry, os cientistas batizaram a nova substância de poli-dicetoenamina, ou PDK.

Plástico funciona como uma peça de Lego

Os responsáveis pelo desenvolvimento do PDK explicam que o material funciona assim como um brinquedo de Lego: as peças (ou moléculas químicas) podem ser montadas e desmontadas conforme a necessidade do uso do plástico, sendo reutilizadas em diferentes formatos, texturas e cores, para diferentes propósitos, quantas vezes for necessário – e sem perda de qualidade.

“Descobrimos uma nova maneira de montar plásticos que leva em consideração a reciclagem de uma perspectiva molecular”, explicou Peter Christensen, pesquisador de Berkeley envolvido no projeto. Isso funciona a partir da desconstrução dos polímeros (moléculas grandes que compõem todos os tipos de plástico) em unidades de compostos menores, chamados monômeros.

Os plásticos convencionais, quando ligados quimicamente aos mais variados tipos de aditivos, perdem grande parte de sua capacidade de reciclagem, sobretudo devido ao custo exigido para recuperá-los. Sem retorno econômico para a indústria da reciclagem, são dispensados como resíduos sólidos convencionais. O PDK, garantem seus criadores, funciona de forma diferente.

“Com PDKs, os atributos imutáveis ​​de plásticos convencionais são substituídos por ligações reversíveis que permitem que o plástico seja reciclado de forma mais eficaz”, afirmou Brett Helms, um dos cientistas envolvidos no projeto. A chave disso está no processo químico.

Quando o PDK é descartado, ele é mergulhado em uma solução altamente ácida que quebra as ligações entre os monômeros e os separa de quaisquer aditivos químicos. E mais que isso: sem perda de seus atributos originais. Nos testes realizados no Berkeley Lab, tais monômeros foram recompostos em polímeros e formaram novos materiais plásticos.

Os cientistas esperam que o novo material possa servir de matéria-prima para objetos como adesivos, caixas de telefone, pulseiras de relógio, calçados, cabos de computador e peças automotivas. “Estamos interessados ​​na química que redireciona o ciclo de vida dos plásticos de linear para circular”, concluiu Helms.

Conteúdo publicado em 27 de junho de 2019

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