Investimento inicial pode chegar a US$ 14 mil por unidade, mas medida gera economia em longo prazo por viabilizar produção autônoma de energia

O estado norte-americano da Califórnia, na costa oeste, deu um passo importante no sentido de substituir fontes de energia não renováveis por alternativas mais limpas e renováveis. A Comissão de Energia do estado aprovou, de forma unânime, a proposta que exige que construções erguidas a partir de janeiro de 2020 sejam obrigadas a ter painéis de energia solar.

De acordo com a nova regra, qualquer nova construção de três andares ou mais, seja ela comercial ou residencial, precisará incluir painéis solares para produção de energia. As empresas construtoras poderão optar por um de dois modelos: equipar as casas, individualmente, com painéis solares, ou construir um sistema de energia solar compartilhado que atenda a um grupo de residências. Os painéis podem ser próprios ou alugados mensalmente.

“A adoção dessa medida representa um grande salto para a energia limpa. Os demais estados estarão nos observando para ver como as coisas vão funcionar”, disse Bob Raymer, da Associação da Indústria da Construção da Califórnia, durante a sessão que resultou na aprovação da regra.

Pioneira na busca por fontes alternativas de energia, a Califórnia é o primeiro estado dos Estados Unidos a assumir um compromisso dessa magnitude. Até o final de 2017, a Califórnia era, de longe, o estado líder nos EUA em capacidade instalada para produção de energia solar. Trata-se de uma indústria que emprega mais de 86 mil pessoas e fornece 16% de toda eletricidade do estado.

Alto investimento versus economia em longo prazo

Embora os ganhos econômicos e ambientais com a instalação de painéis solares seja incontestável em médio e longo prazo, o custo inicial dessa instalação é alto. Nesse sentido, a nova regra pode representar um obstáculo a mais para a conquista da casa própria pela população de baixa renda.

Os entusiastas da novidade, contudo, acreditam que, mesmo o alto custo inicial, a medida será bem recebida pela população. “Qualquer valor adicional na hipoteca será mais do que compensado. É vantajoso para o cliente”, disse Andrew McAllister, membro da Comissão de Energia, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times.

De acordo com a Comissão de Energia da Califórnia, a instalação dos painéis solares irá demandar investimento de US$ 8 mil (R$ 30 mil) a US$ 14 mil (R$ 53 mil) por casa. Quem não tiver o valor para comprar o equipamento necessário poderá alugar os painéis de empresas especializadas. Um contrato de 20 anos custaria cerca de US$ 76 (R$ 286) mensais por residência, segundo estimativa do The New York Times.

Ainda segundo a Comissão de Energia, mesmo com custo alto, a diversificação da matriz energética é vantajosa. Isto porque a estimativa é de que, com os painéis solares, uma casa média californiana economizaria cerca de US$ 80 (R$ 300) mensais em despesas com aquecimento, refrigeração e iluminação. Ao longo de 30 anos, isso representaria uma economia de cerca de US$ 19 mil (R$ 71,5 mil).

“Não podemos mais deixar que os lares californianos sejam beberrões de combustível”, disse Ethan Elkind, diretor do programa climático da Universidade de Berkeley, em entrevista para a agência de notícias Reuters. Nos EUA, a principal matriz energética é de origem fóssil. Para Elkind, a nova lei deve colaborar com a redução nos preços de painéis solares em todo o país uma vez que os fabricantes desses painéis terão garantida uma enorme base de consumidores no estado. “Isso basicamente assegura um mercado para a energia solar”, concluiu.

Além do fator econômico, os especialistas acreditam que a introdução dos painéis solares em residências privadas também dará independência energética aos cidadãos. “Há esse senso de liberdade para o cidadão norte-americano em produzir eletricidade em seu próprio teto”, disse Lynn Jurich, fundador da empresa de instalações solares Sunrun, em entrevista à Reuters. “É mais um exemplo da liderança da Califórnia”.

Conteúdo publicado em 11 de junho de 2018

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