A Califórnia é o estado norte-americano líder na preocupação com o desenvolvimento sustentável. O histórico de medidas de proteção ambiental e alternativas na produção de energia culminou com dois avanços tremendos em 2018. Em abril, foi aprovada a lei que determina que, a partir de 2020, todas as novas casas de três andares ou mais terão que gerar energia solar. E, agora, nova lei garante que, até 2045, 100% da energia consumida no estado será obrigatoriamente limpa de emissão de gases de efeito estufa.
No projeto de lei aprovado pelo governador Jerry Brown (Democrata), o estado se compromete a atingir em 2025 a primeira meta: as empresas de eletricidade deverão obter 50% de sua energia a partir livres de emissão de gases de efeito estufa. As metas seguintes são de 60% até 2030; de mais 15 anos, até 20145, para atingir o objetivo final, que é de zerar a emissão de gases nocivos por meio da produção e consumo de energia.
Quando chegar a 100%, a nova legislação prevê que pelo menos 60% seja de origem renovável, como solar, eólica e geotérmica; os outros 40% podem ter origem em hidrelétricas, usinas nucleares e em combustão de gás natural com captura de dióxido de carbono.
O Havaí foi o primeiro estado norte-americano a assumir um compromisso desse porte, mas o impacto da lei californiana é bem maior para o país. A Califórnia é o estado mais populoso e mais rico dos Estados Unidos – se fosse uma nação, seria a quinta maior economia do planeta e teria população de 39 milhões de pessoas. Atualmente, a Califórnia produz aproximadamente um terço de sua energia a partir de parques eólicos, solares ou geotérmicos e quase 10% tem origem em usinas nucleares; metade da energia tem origem em gás natural, um combustível fóssil menos poluente que o petróleo.
“Não será fácil. Não será imediato. Mas devemos fazer”, afirmou o governador Brown, de acordo com a agência de notícias EFE. O documento assinado por Brown não estabelece como a meta será alcançada: a estratégia é que o mercado e a indústria possam se organizar livremente para criar oportunidades de negócio e possam cumprir o objetivo dentro do prazo estabelecido.
Califórnia sai na frente para cumprir Acordo de Paris
Em junho de 2017, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a decisão de retirar o país do Acordo de Paris efetivamente em 2020 – se a promessa for cumprida, será a única nação do planeta a rejeitar o pacto. Em comunicado, o governo californiano afirmou que a lei é um mensagem direta para o governo federal e o estado está no caminho de cumprir e até superar os objetivos do acordo contra as mudanças climáticas.
“A Califórnia está mostrando ao mundo que uma transição para 100% energia limpa está ao alcance, e continuará conduzindo a transição de se afastar dos combustíveis fósseis – e está fazendo isso enquanto o governo federal abandona a energia limpa”, afirma o documento. Os políticos Al Gore, ex-vice-presidente pelo partido Democrata, e Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia pelo partido Republicano, apoiaram a nova legislação.
De acordo com a rede norte-americana CBS, um relatório recente deixou a população da Califórnia preocupada com os efeitos da mudança climática na região. No documento, especula-se que, se o planeta não interromper o atual ritmo de aquecimento global, a área média queimada por incêndios anualmente no estado cresceria em 75%, dois terços de suas praias desapareceriam em função da erosão, e se perderia dois terços da água usada para abastecimento.
Conteúdo publicado em 14 de novembro de 2018