Frances Arnold desenvolveu a técnica da evolução dirigida, que cria microorganismos capazes de produzir materiais ou desempenhar funções de forma ecologicamente correta

Em 2018, Frances H. Arnold, professora de Engenharia Química do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), foi reconhecida com o prêmio máximo de sua carreira: o Prêmio Nobel de Química. A honraria foi concedida à cientista norte-americana devido a seu trabalho de desenvolvimento da técnica de evolução dirigida, que manipula a composição genética dos micróbios para que suas funções bioquímicas sejam capazes de realizar tarefas específicas de forma sustentável.

O método da evolução dirigida produz enzimas e biomoléculas específicas que podem cumprir ações de forma muito mais limpa e eficiente do que os processos químicos padrão, que geralmente dependem de solventes e metais. Entre os usos já desenvolvidos estão a desintoxicação de derramamento químico, a remoção de manchas de roupa de forma ecologicamente correta e até a criação de remédios livre de catalisadores metálicos eco-hostis.

“Eu recebo alunos que chegam e dizem que eu querem ajudar as pessoas. Eu respondo que as pessoas recebem muita ajuda. Por que você não ajuda o planeta?”, questionou Arnold em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times. “Todos os meus projetos são sobre sustentabilidade e biorremediação, tornando as coisas mais limpas”, reforçou a química ambientalista. 

A partir dos avanços que estabelece nos laboratórios acadêmicos, Arnold já fundou várias empresas de viés sustentável. Uma delas é a Provivi, que desenvolve técnicas para sintetizar feromônios de acasalamento de insetos de forma limpa e barata, em escala industrial, com o objetivo de combater pragas agrícolas de modo ecologicamente adequado.

O mais recente empreendimento da engenheira química é a Aralez Bio, que aplicará os princípios da evolução dirigida para produzir aminoácidos personalizados para empresas farmacêuticas. “Elas [farmacêuticas] produzem 100 vezes mais resíduos do que produtos”, afirmou Christina Boville, chefe científica do novo empreendimento, também ao NYT. “Achamos que podemos fazer muito melhor. Nossa tecnologia realmente funciona”, celebrou a sócia de Arnold no projeto.

Como funciona a técnica de evolução dirigida

O método desenvolvido por Francis Arnold inverte a forma como a maioria dos químicos trabalha. Ou seja, ao invés de ativamente calcular e projetar novas proteínas no interior dos microorganismos – procedimento que exige alto investimento em tempo e tem índice de sucesso baixo -, a abordagem da vencedora do Nobel 2018 é de direcionar os mecanismos evolutivos básicos para criar e atualizar composições de proteínas.

Funciona assim. A cientista escolhe uma proteína que já tenha algum recurso potencialmente útil, como estabilidade em altas temperaturas. Então, no laboratório, ela edita aleatoriamente o gene que codifica a proteína. A partir daí, observa-se se há alguma melhoria na proteína resultante. 

Ao repetir esse procedimento diversas vezes, quantas forem necessárias para chegar em alguma função bioquímica interessante, os micróbios são incentivados a enfrentar o desafio da adaptação e sobrevivência. Com esse mecanismo, alguns microorganismos criados no laboratório de Arnold conseguiram até fazer algo que os micróbios “naturais” nunca fizeram: produzir ligações entre o carbono e o silício – um feito e tanto para a comunidade científica. 

“No laboratório, estamos descobrindo que a natureza pode fazer química de modo que nunca sonhamos ser possível”, disse Arnold. “Estamos adicionando camadas inteiras da tabela periódica à química do mundo biológico”, concluiu.

Conteúdo publicado em 17 de julho de 2019

O que a Braskem está fazendo sobre isso?

A Braskem desenvolve pesquisa e parcerias para o desenvolvimento de resinas plásticas para impressão 3D. Um dos projetos é a parceria com a Made In Space, empresa norte-americana líder no desenvolvimento de impressoras 3D para operação em gravidade zero e fornecedora da NASA. Nesta iniciativa, chamada de Imprimindo o Futuro, a Braskem ajudou o homem a dar mais um importante passo ao levar em 2016 para a Estação Espacial (ISS) a impressão 3D e o Plástico Verde, feito de cana-de-açúcar, ao espaço.

Mais: a segunda etapa do Imprimindo o Futuro será realizada este ano quando será enviado para a Estação Espacial (ISS) uma recicladora que transformará todo o resíduo plástico da estação em filamento a ser utilizado na impressora 3D. Assim a Braskem e a Made In Space vão promover a primeira operação comercial de reciclagem de plástico na história das missões espaciais.

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