Empresas de tecnologia lançam equipamentos para auxiliar crianças com Transtorno do Espectro Autista e dificuldades de aprendizado. Eles oferecem apoio na fase escolar, terapêutica e no desenvolvimento de habilidades emocionais

A inteligência artificial já está presente no dia a dia e atua, por exemplo, no atendimento automático com chatbots (programa que simula um ser humano na conversação), além de ser indispensável no controle e na análise de dados. Há décadas, robôs são fundamentais na produção mecânica de indústrias e fábricas e agora, também começam a chegar ao mercado como carros autônomos e humanóides que ajudam as pessoas em tarefas domésticas e profissionais.

Na saúde, a inteligência artificial também se mostrado útil, colaborando com diagnósticos mais assertivos e ajudando o trato diário com quem precisa de algum tipo de cuidado dedicado. Crianças e adolescentes têm se beneficiado dessas novas tecnologias, principalmente as que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA) e dificuldades de aprendizado.

Conheça abaixo, cinco exemplos de robôs que ajudam pessoas com essas dificuldades.

QTrobot, da LuxAI

A companhia LuxAI, com sede em Luxemburgo, na Europa, acaba de lançar o QTrobot, robô desenvolvido para diminuir o desconforto de pacientes com TEA durante interações com terapeutas humanos. Em testes, na presença de um robô e de um adulto, a empresa detectou que crianças com idades entre 4 anos e 14 anos passam duas vezes mais tempo olhando para os robôs do que para os adultos. Já os comportamentos repetitivos, que sinalizam desconforto e ansiedade, ocorreram cerca de duas vezes menos em sessões com robôs do que em sessões com adultos.

Kaspar, da Universidade de Hertfordshire

Já o Kaspar é conhecido desde 2017, quando entrou em uso na Inglaterra. Ele tem o tamanho de uma criança de quatro anos e responde a estímulos táteis. Quando o toque é apropriado, ele reage com animação e empatia. Se passa do limite, afasta-se e se recolhe. Kasper foi criado na Universidade de Hertfordshire para ajudar no tratamento de meninos e meninas com TEA. Os testes feitos com quase duas centenas de crianças mostraram que o robô cumpre bem seu papel de treinar a criança para interagir em situações cotidianas.

Leka, da Smart Toys

Apesar de parecer novidade, a terapia auxiliada por robôs já está em estudo há mais de uma década. O Leka, por exemplo, foi criado em 2014 por Marine Couteau e Ladislas de Toldi, e foi pensado especialmente para crianças com dificuldades de aprendizado. Ele pode ajudá-las a desenvolverem habilidades sociais por meio de brincadeiras, respondendo aos estímulos da criança: se recebe batidas ou é jogado no chão, a carinha feliz muda para triste. Assim, o robô incentiva a interação social e ajuda a desenvolver habilidades motoras, cognitivas e emocionais.

NAO e Pepper, da Softbank Robotics

NAO e Pepper são outros dois robôs comerciais desenvolvidos pela Softbank Robotics. Ambos têm alta performance e aparência humana. São recomendados para convívio doméstico e ambientes profissionais, ajudando com agendas, administração, pesquisas e funções educacionais. Eles são recomendados ​​na aproximação de crianças pequenas com necessidades especiais. Usando aplicativos que combinam atividades de acordo com as necessidades específicas das crianças, eles podem ser adaptados por plataformas estudantis a partir da escola primária até níveis de educação superior.

O Transtorno do Espectro Autista no Brasil e no mundo

Segundo dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de transtorno do espectro autista a cada 59 crianças e o número vem crescendo a cada ano. Em 2000, quando teve início a série histórica, a pesquisa indicava uma ocorrência a cada 150 nascimentos. Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham TEA, sendo 2 milhões delas no Brasil. Trata-se de uma condição neurológica vitalícia que se manifesta durante a primeira infância, independentemente de gênero, raça ou condição socioeconômica.

O que é o Transtorno do Espectro Autista

O Transtorno do Espectro Autista é principalmente caracterizado pelas interações sociais singulares, como formas não padronizadas de aprendizagem, forte interesse por assuntos específicos, inclinação a rotinas, dificuldades em formas típicas de comunicação e maneiras particulares de processar informações sensoriais. A ocorrência é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas, mas as causas do transtorno ainda não são conhecidas.

No dia 2 abril é celebrado o Dia Mundial da Sensibilização para o Autismo. Este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) salienta a necessidade de empoderar mulheres e meninas com TEA, facilitando o diagnóstico e envolvendo todas nas discussões sobre os desafios enfrentados pela população com TEA. António Guterres, secretário-geral da ONU, destaca as barreiras no acesso à educação e emprego, além de não terem seus direitos reprodutivos respeitados e a liberdade de fazer suas próprias escolhas. A ONU enfatiza ainda que os esforços pela igualdade de gênero precisam alcançar todas as mulheres e meninas do mundo, chamando a comunidade internacional a observar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Objetivo número 5 trata, especificamente, da igualdade de gênero. O documento fala da eliminação de todas as formas de discriminação, violência, casamentos prematuros ou forçados, mutilação feminina e garantia de participação de mulheres e meninas em processos de liderança, tomada de decisão e responsabilidades. Segundo dados da Unesco, meninas na fase da educação primária enfrentam desvantagem no acesso à educação na maior parte das regiões do mundo. Na Ásia, por exemplo, para cada grupo de 100 adolescentes do gênero masculino fora da escola existem 132 adolescentes do gênero feminino para quem o direito à educação é negado.

Conteúdo publicado em 1 de novembro de 2018

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