Uma pesquisa realizada em todo território dos Estados Unidos pelo Centro de Pesquisas Pew concluiu que os norte-americanos imaginam que as condições de vida serão piores em 2050. Embora 56% dos 2.500 adultos entrevistados pelo estudo se descrevam como “otimistas com o futuro”, suas projeções apontam problemas econômicos, políticos e sociais para o cenário mundial dos próximos 30 anos.
A previsão mais pessimista obtida pelo levantamento é sobre desigualdade de renda. Do total de entrevistados, 73% pensam que o abismo entre os mais ricos e os mais pobres irá crescer, e somente 19% acreditam no contrário. E 44% deles preveem que o padrão de vida da família média irá piorar em três décadas; apenas 20% apostam em uma melhora. O quadro também é pessimista quando o cenário é radicalização política: 65% acham que a polarização será ainda maior, 26% pensam que irá diminuir.
Outro alerta com o futuro está relacionado às mudanças climáticas. Somados os que estão muito preocupados (41%) e os que estão moderadamente preocupados (28%), 69% dos norte-americanos preveem problemas neste aspecto. Por outro lado, há forte crença nos avanços da ciência e tecnologia na resolução dos problemas da sociedade e do planeta: 87% acreditam no seu impacto positivo – inclusive, mais da metade dos entrevistados têm fé que os cientistas descobrirão a cura do Alzheimer até 2050.
Pessimismo com o próprio país
A pesquisa do Centro de Pesquisas Pew aponta também que os cidadãos norte-americanos estão especialmente preocupados com o futuro de seu país. Um dos principais alertas está no risco de novos ataques terroristas: seis em cada dez entrevistados preveem um evento tão ruim ou pior que 11 de setembro.
A maioria dos entrevistados (60%) veem um futuro no qual o país será menos importante no contexto internacional. Isso se reflete também na confiança sobre suas lideranças políticas: 48% estão muito preocupados e 39% estão moderadamente preocupados sobre seus líderes não estarem à altura dos desafios do futuro.

Razões para o pessimismo
Os autores do estudo afirmam que “essas previsões sombrias espelham, em parte, o humor azedo do público sobre o estado atual do país”. Isso porque a taxa de insatisfação com o andamento da sociedade norte-americana (70%) atingiu o nível mais alto de todos os tempos.
A revista britânica The Economist analisa a pesquisa sob a tese do “viés da negatividade”, documentada pelo psicólogo Steven Pinker. De acordo com esta hipótese, o noticiário com manchetes negativas chama mais atenção do público e sua percepção sobre o mundo é de que as coisas estão indo mal – mesmo que suas vidas pessoais estejam melhorando.
Outra hipótese abordada pela The Economist aponta a crise econômica como motivação para as previsões frustradas para os próximos 30 anos. Isso porque entre 2006 e 2013 o rendimento médio da família ficou estagnado após duas décadas de crescimento intenso. E, na sequência, desde 2014, os Estados Unidos caíram do 20º para o 25º lugar no Índice de Progresso Social – foi o único país rico que viu a sua pontuação geral diminuir nesse período, devido em grande parte ao declínio dos índices de cuidados na saúde e da desigualdade social.
Conteúdo publicado em 19 de julho de 2019