Segundo a ONU, 2019 começa com mais da metade da humanidade conectada. O acesso à internet é maior na Europa e nas Américas, mas, na última década, cresceu mais nos países em desenvolvimento

De acordo com a União Internacional de Telecomunicações (ITU), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias de informação e comunicação, o mundo entrou em 2019 com 3,9 bilhões de pessoas online, ou 51,2% da população global. Esta é a primeira vez que mais da metade da humanidade tem acesso à internet.

O marco é resultado de uma década de aumento expressivo no acesso à internet no mundo como um todo – sobretudo nos países em desenvolvimento. Segundo os dados fornecidos pela ITU, nos países desenvolvidos, o aumento na porcentagem da população que usa internet já foi significativo: subiu de 51,3% em 2005 para 80,9% em 2018. Já nos países em desenvolvimento o crescimento foi proporcionalmente ainda maior: de 7,7% em 2005 para 45,3% ao fim de 2018.

Do ponto de vista regional, o crescimento mais acentuado foi registrado na África, onde a porcentagem da população com acesso passou de 2,1% em 2005 para 24,4% em 2018. Atualmente, 79,6% dos europeus já têm acesso à internet; assim como 69,6% das populações de toda América, 54,7% das populações dos Estados Árabes e 47% das pessoas que vivem na região da Ásia-Pacífico.

Leia também:
Como o uso de redes sociais impacta nossa saúde mental?
Caio Túlio Costa: “mesmo com fake news, internet ajuda a democracia”
Inteligência artificial: como a máquina opera sem direção humana?

O mesmo levantamento aponta que aproximadamente metade dos domicílios no mundo tem algum grau de acesso à internet banda larga por computador (em 2005, o índice era cerca de 25%), no entanto, a diferença ainda é grande entre a porcentagem nos países desenvolvidos (83,2%) e nos países em desenvolvimento (36,3%).

Em relação aos celulares, estima-se que já são mais de 5 bilhões de assinaturas de internet banda larga – contra os 268 milhões registrados em 2007. Ainda assim, a rede de telefonia móvel já alcança 96% dos territórios globais ocupados por seres humanos; e a rede de internet móvel chega a 90%. O relatório da ONU conclui que a expansão do mercado de celulares smartphones é fundamental para este boom de acesso à internet.

Acesso à internet no Brasil

A pesquisa TIC Domicílios 2017, realizada pelo pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), informa que cerca de 27 milhões de domicílios brasileiros (39%) estão sem qualquer tipo de conexão com internet, enquanto pouco mais de 42 milhões de residência tem serviços ou de banda larga ou de dispositivos móveis.

Entre as casas da população de renda classificada como classe A, 99% têm acesso à internet; assim como 93% na classe B e 69% na classe C. Na média das classes D e E, no entanto, o percentual não ultrapassa os 30%.

Para ONU, informação é direito fundamental

Desde sua fundação, a Organização das Nações Unidas defende que o acesso à informação é um direito fundamental do cidadão e que sua democratização é um valor a ser perseguido, como indica o artigo 19° da Declaração Universal de Direitos Humanos: “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

“O acesso às redes de telecomunicações continua aumentando, particularmente em conexões móveis. No entanto, a acessibilidade deve continuar a estar no topo de nossas prioridades para que a economia digital se torne uma realidade para todos”, afirmou Brahima Sanou, diretor do ITU Telecommunication Development Bureau, em comunicado.

Para Houlin Zhao, secretário geral da UIT, as estimativas globais e regionais indicam os avanços de um projeto global de tornar o mundo mais inclusivo do ponto de vista do acesso à informação. “Representa um passo importante rumo a uma sociedade global da informação mais inclusiva. No entanto, muitas pessoas ao redor do mundo ainda estão esperando para colher os benefícios da economia digital”, afirmou em nota divulgada pela entidade. “Nós devemos incentivar mais investimentos dos setores público e privado e apoiar a tecnologia e os negócios para que a revolução digital não deixe ninguém de fora”.

Conteúdo publicado em 6 de fevereiro de 2019

Veja Também