De acordo com a pesquisa divulgada este mês pelo Journal of the American Heart Association, praticar exercícios, mesmo no caso de quem não tem uma rotina com atividades físicas regulares, melhora significativamente o funcionamento do sistema cardiovascular de idosos – e as mulheres são especialmente beneficiadas por uma vida ativa.
A faixa entre 60 a 64 anos pode trazer algumas mudanças no estilo de vida, quando a rotina de trabalho pode ser substituída pela aposentadoria, segundo destaca Ahmed Elhakeem, autor do estudo e Ph.D. em epidemiologia na Bristol Medical School, University of Bristol, Reino Unido.
As doenças cardiovasculares têm íntima relação com o sedentarismo e o risco é maior entre adultos mais velhos. Por isso, para o pesquisador, esse momento de transição representa a oportunidade para escolher uma atividade física e incorporá-la no dia a dia. “É importante aderir a qualquer nível de intensidade de atividade”, disse Elhakeem em entrevista para o American Heart Association.
A médica brasileira Silvia Ayub, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, ressalta que a atividade física pode combater, além do risco de doenças cardiovasculares, outros problemas advindos do sedentarismo, como obesidade, hipertensão e disfunções hormonais. “A atividade condiciona fisicamente. É um conjunto. O benefício é cumulativo. Quanto mais cedo se começa a incluir exercícios na rotina, maior é a vantagem para a saúde”, afirma.
O estudo avaliou mais de 1.600 voluntários britânicos que usaram sensores de frequência cardíaca e movimento por cinco dias. Os sensores revelaram a quantidade de exercício em geral que eles praticaram. Foram registradas atividades físicas leves, como andar devagar, fazer alongamento, praticar golfe ou jardinagem, e atividades moderadas e vigorosas, como andar rápido, andar de bicicleta, dançar, jogar tênis ou usar o aspirador de pó.
Para melhorar a saúde cardiovascular, a American Heart Association sugere pelo menos 150 minutos por semana de atividade moderada ou 75 minutos por semana de atividade aeróbica vigorosa (ou então uma combinação dos dois) e exercícios de fortalecimento muscular duas ou mais vezes por semana.
Novas diretrizes globais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em relatório publicado em 2017 que a obesidade infantil já pode ser considerada epidemia mundial. A pesquisa aponta que 41 milhões de crianças menores de 5 anos estejam acima do peso. As principais causas apontadas seriam a falta de alimentos naturais, o maior acesso a fast food, o consumo de refrigerantes, gorduras e açúcares, além do tempo dedicado à televisão, videogame e dispositivos móveis, que levam à diminuição de atividades físicas na infância.
O documento da OMS traça diretrizes claras para o acompanhamento da relação entre altura e peso durante a fase de crescimento e aconselha o envolvimento de pais, escolas e profissionais da saúde em caso de sobrepeso. Além de cuidados com a nutrição e inclusão de exercícios na rotina, a organização menciona como fundamental a promoção e o apoio ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida, bem como amamentação contínua até 24 meses ou mais.
“A desnutrição crônica é um fator de risco potencial para crianças com sobrepeso ou obesidade. A OMS recomenda não fornecer alimentos suplementares formulados rotineiramente para crianças moderadamente abaixo do peso, a menos que sejam necessários por insegurança alimentar da família ou comunidade”, destaca o relatório.
Conteúdo publicado em 17 de setembro de 2018