Cerca de 45 toneladas de gelo foram rebocadas em 30 grandes blocos para criar a “Ice Watch London”; objetivo é chamar atenção do mundo para o aquecimento global

Quem passou por perto da Tate Modern, em Londres, ou circulou pela capital inglesa no final de dezembro teve a oportunidade de admirar uma obra de arte diferente. À frente da instituição de arte e espalhados pela cidade, 30 grandes blocos de gelo pesando cerca de 45 toneladas foram deixados para derreter a céu aberto.

O trabalho do artista islandês-dinamarquês Olafur Eliasson e do professor de geologia groenlandês Minik Rosing usou blocos retirados do fiorde de Nuup Kangerlua, na Groenlândia. Batizado de “Ice Watch London”, a instalação tem o objetivo de chamar a atenção do público para a questão climática e promover uma mudança de comportamento em relação ao assunto.

Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, Eliasson disse que está estudando psicologia comportamental e analisando as consequências da experiência a fim de encontrar um meio para combater as mudanças climáticas. “O que significa experimentar algo? Isso muda você ou não muda você? Dados por si só não bastam. Para criar a mudança comportamental maciça necessária, temos que tornar os dados fisicamente tangíveis.”

A instalação propõe uma imersão. Os visitantes são livres para tocar, subir, abraçar e até mesmo lamber os blocos de gelo. Tudo é pensado para que os espectadores sejam levados a refletir sobre a devastação provocada pelo aquecimento global. Cada bloco de gelo foi retirado do mar depois de ter se separado do manto de gelo da Groenlândia.

O artista os transportou em contêineres refrigerados para o Reino Unido. Os blocos, que pesam entre 1,5 tonelada e 6 toneladas, foram escolhidos pelo seu formato, para que sua estrutura não se quebrasse durante o transporte.

Esta não é a primeira vez que Eliasson e Rosing montam este trabalho. Ele já passou por Copenhague, em 2014, depois esteve em Paris, em 2015. Cada instalação foi programada para coincidir com um passo significativo na luta contra a mudança climática: em Copenhague, “Ice Watch” marcou a publicação da quinta avaliação das Nações Unidas, Report on Climate Change, e em 2015, a instalação acompanhou as conversas em torno da COP21 que resultaram no Acordo de Paris.

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Mudanças climáticas

O material produzido para acompanhar a exposição “Ice Watch London” destaca que a camada de gelo continental da Groenlândia foi produzida pela queda de neve ao longo de milhões de anos. Este gelo glacial flui lentamente em direção ao oceano, onde se funde, criando geleiras, ou se quebra para formar icebergs. A quantidade de gelo perdida nas bordas costumava ser igual à acumulação de neve nova a cada ano, mas o aquecimento global desequilibrou essa conta – hoje, nem todo gelo que perde é reposto.

Atualmente, a quantidade de gelo perdida na Groenlândia por ano é de 200 bilhões de toneladas a 300 bilhões de toneladas – e esse número deve continuar aumentando. Além disso, o país tem grande influência no clima global. Uma das maneiras pelas quais a camada de gelo regula as temperaturas globais é refletindo a energia do sol de volta ao espaço. A neve fresca reflete até 90% da luz solar. Mas, devido às temperaturas mais quentes que derretem e remodelam a neve e o gelo, essa  refletividade tem diminuído.

A água liberada pelo gelo derretido também eleva o nível do mar em aproximadamente 0,3 mm a cada ano, e essa quantidade está aumentando. Se todo o gelo da Groenlândia derreter, o nível do mar pode subir até 7 metros. A velocidade desse levantar do nível dos mares pode ser reduzido se forem reduzidas as emissões de carbono de maneira rápida e significativa. O aumento mais lento do nível do mar tornaria a adaptação mais fácil, menos dispendiosa e menos destrutiva.

Foi pensando nisso que a Organização das Nações Unidas firmou, em 2015, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com 169 metas específicas para serem desenvolvidas por países signatários da Agenda 2030. O Objetivo número 13 ressalta a importância de investir em medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus efeitos.

O Objetivo 13 ainda visa implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos de mobilizar, conjuntamente, US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, a fim de atender às necessidades dos países em desenvolvimento e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima, financiando propostas e programas para enfrentar o desafio de proteger o meio ambiente das ações humanas nocivas às espécies da fauna e da flora.

E você, o que acha da obra de Eliasson e Rosing? Sente-se pronto para mudar seus hábitos e colaborar ativamente com a preservação do meio ambiente?

Conteúdo publicado em 27 de fevereiro de 2019

O que a Braskem está fazendo sobre isso?

Desde 2009, com o lançamento do compromisso ‘É preciso amadurecer para ser Verde’, a Braskem tem como prioridade estar entre as melhores indústrias químicas do mundo em relação à eficiência de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para isso, a petroquímia produz, anualmente, seu inventário de GEE, que considera 100% de suas operações, e estabelece metas, além de observar resultados de sua missão de atuar como importante sequestrador de emissões via utilização de matérias-primas renováveis. A empresa trabalha com um plano de atuação em cinco frentes: engajamento interno, articulação externa, obtenção de informações, interpretação de informações e ampliação da gestão de riscos com a incorporação das variáveis climáticas no planejamento estratégico. Além disso, a Braskem participa de debates e fóruns sobre mudanças climáticas, como a Cúpula do Clima, e integra associações ligadas ao tema, como a Plataforma Empresas pelo Clima.

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