Brasília parou para debater a água entre os dias 17 a 23 de março. Durante o 8º Fórum Mundial da Água, a capital do País recebeu especialistas, autoridades e cidadãos de mais de 180 nações. A água passou a ser assunto prioritário na agenda de governos, empresas e até nas discussões de cidadãos comuns.
Mais de 100 mil pessoas participaram das atividades do maior encontro de água do planeta, que teve como tema “Compartilhando Água”. Os participantes lotaram o Centro de Convenções Ulysses Guimarães e mais de cinco grandes tendas próximas ao Estádio Nacional Mané Garrincha.
Na cerimônia de encerramento, que aconteceu na manhã de sexta-feira (23), a bandeira do Conselho Mundial da Água foi passada para Senegal, país-sede do 9º Fórum, que acontece em 2021.
Cerimônia de encerramento: um balanço do 8º Fórum Mundial da Água
Membros da organização do Fórum expuseram os resultados obtidos na 8ª edição do evento durante a cerimônia de encerramento. Representando o Ministério das Relações Exteriores, Reinaldo Salgado, relatou as atividades do Processo Político com destaque para a realização da simulação do Tribunal Internacional da Justiça pelas Águas, que contou com a presença de membros de supremas cortes de seis países. Além disso, o processo contou com a presença de 134 parlamentares de 20 nações.
Além disso, o Fórum Mundial da Água teve, nesta 8ª edição, uma importante inovação: a participação do Poder Judiciário, instância a que cabe a decisão final sobre disputas envolvendo os recursos hídricos. A Conferência de Juízes e Promotores teve a presença de 83 juízes, promotores e especialistas de 57 países e emitiu como documento final a “Carta de Brasília”. Benedito Braga, o presidente do Conselho Mundial da Água, que organiza o Fórum, contou que a “Carta de Brasília”, será levada ao papa Francisco, que demonstrou interesse pelo assunto.
Torkil Clausen e Jorge Werneck, presidente e vice-presidente do comitê do Processo Temático, deram destaque durante o encerramento às 95 sessões ordinárias, todas com participação de mulheres. As sessões do Processo Regional, segundo Irani Braga Ramos, vice-presidente do comitê que trabalhou com o tema, tiveram um público total de 6.765 pessoas de 101 países.
Durante a cerimônia de encerramento, a organização Charité Chrétienne Pour Personnes en Détresse (CCPD), ou Organização de Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco, com sede na nação africana do Togo, recebeu o Grande Prêmio da Água de Quioto. A entidade forma indivíduos e grupos comunitários para melhorar o acesso à água potável e saneamento por meio da construção e remodelação de instalações desses serviços. A CCPD recebeu o equivalente a US$ 18 mil dólares, dinheiro que servirá para implementar o projeto e promover a gestão da água no país.
Tatiana Silva, representante jovem do Conselho Mundial da Água, chamou a atenção para a capacidade e potencial dos jovens em cooperar e mandou um recado para a comissão organizadora do próximo Fórum, no Senegal. “A gente não aceita um Fórum Mundial da Água com um jovem a menos”.
Senegal é país-sede da 9º Fórum Mundial da Água
Abdoulaye Sene, presidente do comitê do 9º Fórum Mundial da Água em Dakar, elogiou a oitava edição do evento. “Os resultados do Fórum em Brasília nos ensinam que o compartilhamento da água requer mecanismos apropriados de cooperação para construir um mundo de paz e estabilidade em torno das bacias e aquíferos compartilhados”, disse Sene.
Ele adiantou um pouco do que o público pode esperar de Dakar em 2021. De acordo com Sene, serão quatro os eixos temáticos: segurança hídrica, cooperação, inovação e água para o mundo rural. O objetivo é chamar atenção para aspectos de gestão e participação da sociedade para garantir a disponibilidade hídrica a longo prazo.
Conteúdo publicado em 25 de março de 2018